
Aos meus futuros comentadores anónimos, pois ainda não tenho nenhum, mas gostava muito, adorava ter aqueles anónimos que escrevem coisas irritantes para depois a pessoa ter matéria para cascar neles. Faltam-me esses anónimos, mas tenho outros, ou outras, bem identificadas que me dão matéria para blogar. Um grande bem haja a essas pessoas!
Precisamente por me entrarem pela vista, diariamente, pessoas, não anónimas, que me dão inspiração para escrever, eu fico-lhes grata, muito grata. Acho muito engraçado observa-las, como são ocas, fúteis e frívolas, faltam-lhes substrato, e tornam-se fáceis demais de interpretar. Fáceis de ler. Fácies de conhecer e de vomitar logo a seguir. Há políticos assim também, mas não tenho tamanha proximidade deles para me darem a tal inspiração necessária para escrever. Na realidade elas (pessoas ocas, fúteis, frívolas e sem substrato) gostariam de conseguir ser mesmo falsas. Esforçam-se. Mas, talvez por serem vazias, são tão facilmente descodificadas que nem dá pica. É como aqueles ‘where is wally’ nível 1, ou tutorial, em que em menos de um piscar de olhos já demos com o wally. Não dá pica. Mas fazer o quê? É o que temos….e já dizia o outro ‘se te dão limões, faz limonada’ ora a mim dão-me ocas supérfluas e sem substrato, vou fazer o quê?
Devo confessar que acho alguma graça. Apesar do nível ser o do tutorial, acabo por achar piada. Por exemplo ouvir alguém a sussurrar uma música que está a dar na rádio é suposto querer dizer que se está feliz, contente, bem-disposta, que se está de bem com a vida… ou então não… se estivermos a falar das tais pessoas ocas, vazias, frívolas e fúteis, ao nível do tutorial, quer dizer que se quer dar essa impressão, quer parecer-se estar feliz, alegre. É essa a mensagem que se quer passar, ao sussurrar as músicas da rádio. Mas quando nunca (em 5 anos) se sussurrou NADA, começa a suar estranho. É aqui que entra a minha observação curiosa, e percebo rapidamente, que a falta de substrato é reveladora dum certo encantamento, parece que se quer enganar alguém, mas até tem a sua graça, porque o efeito que se pretende passar sai completamente ao lado. Sai furado. Chega a ser ternurento observar uma adulta a tentar fingir que está feliz através do sussurro musical.
É como o Wally, a tentar passar despercebido com a sua camisola das riscas vermelhas (ou antes, encarnadas, pois falo duma wanna be queque), no meio da praia vazia. É obvio que todos o vêem.
É engraçado, nestes casos, fingir que não se percebe e fazer um dueto. Depois, ao sussurrar a melodia, com uma suavidade superior e com aquela doçura cândida, como se estivéssemos, nós também, de bem com a vida e transmitimos uma alegria contida, uma alegria angelical, inocente, pura, aí olha-se a criatura de frente: olhos nos olhos e eis que se calou de imediato, assustada e surpreendida com a reacção de quem era suposto ficar calado, mas que, como não queria incomodar apenas sussurrou a melodia em conjunto.
É como o Wally estar na praia e alguém passar ao lado com uma camisola igual. Aí é que começa a confusão. Já não se percebe quem é que se quer enganar… É giro perceber estas coisas e encontrar o Wally no meio da pequena multidão da cabeça de um adulto. É giro sim senhora.
Agora vou sussurrar aquela musica dos Gun que é mais ou menos assim ‘I hate the rain and sunny weather and I hate everything about you…’