"Dance like no one is watching, love like you'll never be hurt, sing like no one is listening, and live like it's heaven on earth."- William Purkey
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Jan 11
publicado por Muito Mais Branco, às 13:53link do post | comentar

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Deve ser altamente cansativo ser-se o que não se é. E ser-se o que não se é 24 horas por dia… (ok, menos as 8 que se dorme, ainda assim, há quem acorde ‘a correr’ e se vá maquilhar, lavar os dentes para depois voltar para a cama e fingir que se acorda assim, naturalmente), tentar parecer ser o que não se é na realidade, enfim, fingir-se ser de uma maneira quando na realidade se é de outra, ou na realidade nem se sabe bem o que se é porque nunca se permitiu ser aquilo que se é apenas se permitiu ser o que parece bem aos olhos dos outros, ou parecer ser de uma forma por se ter vergonha de quem se é. Uma canseira mas existem pessoas assim, existem….

 

Desde pequena que conheço pessoas que adoravam ser bemzolas, até evitam mostrar as suas origens, e até têm uns nomes que lhes permitem parecer ser bemzolas, tipo Maria ou João, e até aprenderam que é bem dar um beijinho e até sabem que é bem falar-se sobre o tempo quando não há outro assunto e que é bem sorrir e rir espontaneamente… mas depois não são, na realidade queques, são wannabe queques, o que é milhões de vezes pior que ser-se na realidade queque, porque não tiveram essa educação, não cresceram nesse meio, não têm nada a ver e hoje em dia com as zaras e breskas a proliferar por tudo quanto é sitio, a massificar as pessoas, toda a gente pode parecer ser bemzolas quando na realidade nasceu na merdaleja… é assim, a globalização. Tem coisas boas e outras assim.

 

 

Depois há vários tipos de wannabe queques: desde os que são o verdadeiro oposto, nasceram na merdaleja e acabaram por frequentar o liceu onde havia os outros wannabe queques, os que já nasceram numa família classe média, talvez numa zona melhorzinha da cidade, cuja mãe é enfermeira e o pai empresário e até têm um primo que se casou com uma verdadeira queque de Cascais, a quem lhes imitam os trejeitos e o sotaque mais emproado, e a quem lhes imitam nas roupas, nos sapatos de vela, e afins. E depois há os almost queques, que devem ser os que sofrem mais com a síndrome de wannabe queque. Pois é por um triz que não são the real thing. Uma frustração… é que estes são normalmente filhos de um gajo-que-se-está-a-cagar-para-as-origens-e-é-o-que-é (normalmente um self made man) com uma verdadeira queque, que na família queque seria a ovelha negra, aquela que se apaixonou pelo pato bravo ou afins.

 

Os filhos que daqui nascem são os ‘queques por um fio’ ou os almost queques, que representam a frustração mor, para quem sofre deste tipo de sindroma. E na generalidade dos casos é destes wannabe queques que me refiro que deve ser altamente cansativo, pois eles sabem o que é ser the real thing, mas não conseguem lá chegar… é que os outros quando crescem apercebem-se do ridículo que é querer ser o que não se é, e voltam as suas origens e percebem que o produto original É SEMPRE O MELHOR! Os outros que são almost queques é que não conseguem largar o sindroma e mantém uma vida de aparências que deve ser muito cansativa e sinceramente não percebo o objectivo… é que jamais conseguirão enganar os verdadeiros queques e para quem não é queque é até é meio ridículo, pois não entendem lá muito bem porque é que alguém quer parecer ser o que não é, porque aceitam e sobretudo têm orgulho nas suas origens e acreditam piamente que o original é sempre melhor que a imitação….

 

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Por exemplo, até é meio cómico, não fosse na realidade trágico ouvir as pessoas armadas em bem a falar e sobretudo a rir, riem que é só rir, é que normalmente falam num tom acima do que é de bem e quando se riem revelam a sua verdadeira natureza, não conseguem disfarçar, é que o riso não é natural, é forçado e nota-se. Nota-se sempre. É triste ouvir rir quem no fundo quer chorar…

 

Depois por muito que o disfarce cole, e que a pessoa até tenha uns pais que parecem ser queques, há coisas que não dá para disfarçar… não vou falar dos que estão tão longe, mas tão longe de serem queques que são topados à distância, apenas pela cara que têm, esses não vou falar, vou falar dos outros, dos que gostariam muito-de-ser-queque-e-que-se-esforçam-24-sobre-24-a-ser-e-acham-que-ninguem-os-topa….

 

Esses é que têm deslizes que são inevitáveis e o disfarce acaba por cair… nada a fazer. Primeiro os filhos dos pais verdadeiramente queques tratam-nos por ‘você’, mas os pais queques podem tratar os filhos por ‘tu’… e isto é uma regra de ouro, fundamental, que muitos wannabe’s falham redondamente.

 

Depois jamais se diz ‘prenda’… córror, é presente que se diz, e tantas outras, como o robe que é mais roupão, o vermelho que é mais encarnado, a sanita que é mais a retrete, o fogo de artificio que é mais fogo de vista, o xófér que é mais motorista, o menu que é mais ementa e por ai fora, e ainda que, o wannabe bemzolas já tenha aprendido, por imitação, naturalmente, os pais do wannabe bemzolas irão descair-se e dizer uma destas pérolas que os expõe à dura realidade, e que os persegue e os atormentam nesta vida tão Tuga e tão idiota.

 

Que tal deixar de fingir e passar a honrar as origens? Será tão difícil uma pessoa expor-se ao que é verdadeiramente? Só é difícil, se na realidade a pessoa for mal formada, muito mal formada e assim percebe-se que se prefira fingir ser o que não se é… mas lá que é cansativo, lá isso é….

 

 

Porque eu só estou bem

Aonde eu não estou

Porque eu só quero ir

Aonde eu não vou


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