Não estou habituada a ‘anhar’, a andar ao sabor da maré, de apreciar verdadeiramente o dolce far niente, preciso do stress, dos emails, do iphone, de ter mil coisas para fazer, sem isso sinto-me insegura, o ‘estar de papo para o ar’ implica sempre um peso na consciência de mil coisas que ficaram por fazer para eu ter um momento de nirvana. Mas confesso que me está a saber para lá de bem, estar de férias e de fazer o que bem me apetece e melhor ainda não ter de ser assim ou assado, não ter de ser simpática, não ter de fazer conversa, não ter de sorrir, poder estar ‘de trombas’ sem o estar na realidade. Poder ser simplesmente eu e não o ‘eu’ directora financeira, não o ‘eu’ dona de casa, não o ‘eu’ motorista, não o ‘eu’ pessoa adulta responsável, poder comer às horas que quiser, poder deixar a Xis ensopar na piscina todo o dia, são 8 horas em que o cabelo dela não chega a secar, o fato de banho pinga enquanto ela almoça mais rápido que a velocidade da luz e zás, volta para a piscina.
E eu vou estando na horizontal, a maior parte do tempo, vou adormecendo e acordando e vou estando naquele estado zen, meia cá meia lá, mas nem por um instante penso na outra eu, agora estou a curtir esta eu e relaxar mais um pouco, entre posts, livros, filmes e mergulhos.
A vida é boa.
Vou ali anhar até à hora da janta. Fui.